- Han?! - balbuciou Sofia com um ar de tontinha, que já todos bem lhe conheciam.
- Sim, boho chic! - exclamou a amiga benzoca - Nunca ouviste falar? P’amor de Deus? Onde vives? Nas barracas?
E soltou uma gargalhada de tal forma estridente, que Sofia parecia ter acordado de um transe, do seu modo zen, e deu-lhe uma cotovelada, rindo:
- Iá, ó Mimi, desculpa lá não vir do teu bairro super bué bem, tá?
E riram as duas às gargalhadas, continuaram a caminhar pela rua, a ver as montras e a fazer comentários às roupas e às decorações.
- Mas ó Sofia, agora a sério, tu de certeza que ias amar ter uma casa com a decoração boho chic, é todo o teu género! Tem imensa cor, mistura um estilo assim tipo mexicano, marroquino, cigano, tás a ver, é super louco! A tua cara!
- Eh pá, fixe! Só não sabia que isso tinha um nome, pensava que era mesmo uma ganda misturada man.
E voltaram a rir despreocupadamente, rua fora, tarde adentro, boho chic adiante...
Nem sempre os novelos amarelos têm que ser alinhados com os novelos amarelos.
Nem sempre os vermelhos tem que ser alinhados com os vermelhos.
É bom conjugar cores
é bom misturar cores
é bom variar.
Nem todos os novelos têm que ter uma etiqueta.
Nem tudo o que fazemos com eles tem que ter um nome.
E ainda assim funciona!
E ainda assim faz sentido!
