A outra margem
- Dona Lã
- 9 de fev. de 2019
- 1 min de leitura
Como será o outro lado? Igual? Duvido! Diferente? Provavelmente... A outra margem nunca será igual a esta margem, senão não seria a outra, seria esta. Imaginamos como será, ouvimos falar nela, mas não sabemos bem como é na realidade, e também não estamos certos de querer ir para lá.
Nos novelos não há margens, não há divisões, os novelos deixam o fio correr, seguido, sem pausas, sem ondas, sem correntes, sem marés, sem pontes, sem margens.
Há uma fronteira tão ténue entre esta e a outra margem... Temos tantas vezes a pretensão de que só passaremos a margem quando e se quisermos, quando chegar a altura certa, quando for o momento. Que ingenuidade a nossa! Como se estivesse nas nossas mãos.
Os novelos não têm margens, mas podem pôr-nos à margem: à margem dos outros, à margem da verdade, à margem da vida. Se os deixarmos. Só se os deixarmos...
E a ingenuidade torna-se ainda maior em relação aos que mais gostamos. Claro que não vai para a outra margem, ainda não chegou a hora, é evidente que não! Calma! Vai quando tiver que ir. Quando?! Daqui a muito tempo! Como se nos fosse permitido adiar a passagem ou adivinhar o momento certo. Que presunção!
Afinal, talvez os novelos tenham sempre uma margem: uma margem de manobra ou uma margem de erro. E ainda bem! Não há receitas perfeitas. Precisamos desta margem.
Do lado de cá, aqui, nesta margem, mais vale apreciarmos a paisagem e irmos olhando para a outra margem, de longe... sonhando e imaginando o que estará do lado de lá, na outra margem.

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