A inveja
- Dona Lã
- 19 de fev. de 2019
- 2 min de leitura
Eu posso ter novelos lindos mas os teus serão sempre melhores que os meus...
Acabo de ouvir o que Tolentino Mendonça escreveu acerca da inveja, e do vizinho tão invejoso que quando lhe foi concedido um desejo por uma fada, mas que seria concedido ao seu vizinho, que tanto invejava, em dobro, pediu que esta lhe arrancasse um olho. Ele perderia um olho, mas o vizinho ficaria completamente cego!
Até onde nos pode levar a inveja? Até que ponto nos cega e nos faz ver aquilo que não existe? Invejar algo que nem conhecemos bem, mas que certamente será melhor do que temos, quando nem sonhamos o que poderá estar por detrás disso que almejamos? Como se os outros pudessem ter sempre tudo sem qualquer sacrifício ou não fizessem nem uma pequena ideia do que nós, meros mortais, sofremos diariamente para alcançar o pouco que temos.
Que pensamento tão mesquinho, tão pequenino, tão invejosinho...
Gosto de pensar todos os dia que cada novelo que tenho é meu por direito, é meu porque não poderia ser de outra pessoa, é meu porque só eu o poderei desnovelar e trabalhar. E ainda bem que assim é! Não consigo pensar nele de outra forma e, honestamente, mais facilmente vou ajudar o vizinho a desnovelar os seus do que os invejo.
Triste vida a do invejoso! Sempre a tentar viver a vida do outro, a falar da vida do outro, a ver o que o outro tem, deixando a sua vida passar, perdendo os seus preciosos momentos, durante os quais podia fazer o melhor para si e para os outros, não para que o invejassem, mas para que o admirassem e com ele aprendessem.
Triste vida a da minha galinha, se a da vizinha for sempre melhor que a minha!

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